domingo, dezembro 29, 2013

O DIÁRIO DE KAREN HORNEY


Imagem acervo de Ísis Nefelibata.

“Na minha imaginação não há sequer uma parte de mim que não tenha sido beijada por uma boca ardente. Na minha imaginação não existe depravação do mais baixo nível que eu não tenha experimentado”.

“Uma menina, a partir de seu nascimento, está exposta à sugestão-invevitável, seja ela transmitida com brutalidade ou delicadeza – de sua inferioridade”.

“Metade da raça humana está descontente com o sexo que lhe foi designado”.

“O homem é motivado pela inveja do útero, pelo ciúme da maternidade”

“[...] A minha crença é no homem dotado da capacidade e do desejo de desenvolver a sua potencialidade e de tornar-se um ser humano decente. [...] Creio na capacidade do homem de mudar e continuar mudando por toda a vida”.


KAREN HORNEY (1885-1952) - Nasceu em Hamburgo, na Alemanha. A mãe era casada com um capitão de navio religioso e taciturno, muito mais velho que ela, por medo de ficar solteira e desejando sempre a morte do marido. Karen sentia-se inferior, inútil e hostilizada pelos pais que dedicavam mais atenção ao seu irmão mais velho. Na adolescência ele se entregou às varias paixões na busca frenética pelo amor e pela aceitação que não encontrava em casa. Depois começou a frequentar por ruas repletas de prostitutas. Criou o jornal chamado Órgão Virginal para Supervirgens. Contra a vontade dos pais ingressou na University of Berlim no curso de Medicina, tornando-se Doutora em 1913. Casou-se, teve três filhas, sofria de depressão e envolveu-se em muitos relacionamentos até divorciar-se. Seu relacionamento mais duradouro foi com o psicanalista Eric Fromm, terminando depois numa profunda depressão. A busca do amor e a atração por homens mais fortes refletiam paixões edipianas da infância. A partir daí, adotou uma vida sexual promiscua. Passou a estudar psicanálise freudiana em Berlim, divergindo da ideia da inveja feminina do pênis proposta por Freud. A falta de amor dos pais promoveu a descoberta da ansiedade básica, conceito que resulta de atitudes paternas dominadoras, bem como da falta de proteção e amor e o comportamento errático. Definiu as necessidades neuróticas em tendências, entre as quais, a personalidade condescendente em que o individuo vai ao encontro de outros na busca de aprovação, afeto e parceiro dominante; a personalidade independente, quando o individuo se afasta dos outros na busca pela independência, perfeição e isolamento; e a personalidade agressiva, quando indivíduo vai ao encontro dos outros expressando a necessidade de poder, de exploração, de prestigio, admiração e conquista. Ela começou a trabalhar com a psicologia feminina em 1922 e foi a primeira mulher a apresentar um trabalho abordando esse tópico em um congresso internacional de psicanálise, presidido por Freud, em 1930, em Berlim. Ela traçou a distinção entre a mulher tradicional, como aquela que vivia em busca da própria identidade no casamento e na maternidade, da mulher moderna que busca a identidade na carreira profissional. Lutou pelo direito da mulher de tomar decisões próprias para enfrentar as restrições impostas pela sociedade machista dominadora. Tornou-se uma psicanalista e feminista à frente do seu tempo.

REFERÊNCIAS:
DAVIDOFF, Linda. Introdução à psicologia. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.
FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 2002.
HORNEY, Karen. A personalidade neurótica do nosso tempo. São Paulo: Veja, 1979.
______. Psicologia feminina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sidney. História da psicologia moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

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