quinta-feira, setembro 27, 2012

AMOR




Imagem: Adão e Eva,do pintora art déco polaco Tamara de Lempicka (Maria Górska – 1898-1980)


AMOR




AMOR - Para falar do amor é preciso, antes de tudo, falar de Eros. Eros é o deus grego do amor, também conhecido como Cupido (Amor, em latim). Apesar de sua excepcional beleza ser altamente valorizada pelos gregos, seu culto tinha modesta importância. Na Beócia, um dos seus poucos locais de culto, ele era venerado na forma de uma pedra comum, indicando sua conexão com a origem do mundo. Depois, uma estátua esculpida por Praxiteles tomou o lugar desta pedra.


As primeiras representações artísticas de Eros o mostram como um belo jovem alado, com traços de menino, normalmente despido, e portando arco e flecha. Eventualmente ele aparece nos mitos como um simples garoto brincalhão, lançando suas flechas em deuses e humanos, enquanto gradualmente vai perdendo seu status entre os deuses.

Na Teogonia, de Hesíodo, Eros era uma das quatro divindades nomeadas como originais. As outras três eram o Caos, Gaia (a mãe-terra) e o Tártaro (o poço negro sob a terra). Hesíodo diz "Aquele que é o amor, o mais belo entre os imortais, que tira a força dos membros: aquele que, em todos os deuses, em todos os seres mortais, sobrepuja a inteligência em seus peitos e todo os seus planos retalhados". Hesíodo nada mais fala desse deus, e tampouco ele aparece em Homero.

Posteriormente, foi associado firmemente à Afrodite, como seu filho, tendo como pai o deus Ares, aparecendo em diversas alegorias mitológicas. Com o tempo ocorreu um favorecimento de sua representação na forma plural dos Erotes (Eros, Pothos e Himeros) em lugar da sua forma única, enquanto ele passava do ambiente mitológico para a esfera das artes. Entre os gregos Himeros era a personificação divina do desejo, enquanto Pothos representava a saudade. Como companheiros de Eros (o Amor), aparecem frequentemente no séquito de Afrodite.


Psique era a mais nova de três filhas de um rei de Mileto e era extremamente bela. Sua beleza era tanta que pessoas de várias regiões iam admirá-la, assombrados, rendendo-lhe homenagens que só eram devidas à própria Afrodite. E, de fato, os altares da deusa começavam a esvaziar-se pois o povo negligenciava seu culto para ir ver Psique. Profundamente ofendida e enciumada, Afrodite enviou seu filho, Eros, para fazê-la apaixonar-se pelo homem mais feio e vil de toda a terra. Porém, ao ver a beleza da jovem, Eros apaixonou-se profundamente por ela. As irmãs de Psique facilmente encontraram maridos, pois também eram belas, mas Psique permaneceu sozinha, pois apesar de ser admirada por todos, havia despertado a ira de Afrodite. Seu pai suspeitou que inadvertidamente havia ofendido os deuses, e resolveu consultar o oráculo de Apolo. Através desse oráculo, o próprio Eros ordenou ao rei que enviasse sua filha ao topo de uma solitária montanha, onde seria desposada por uma terrível serpente. A jovem aterrorizada foi levada ao pé do monte e abandonada por seus pesarosos parentes e amigos, sendo conduzida com os ritos de um funeral. Conformada com seu destino, Psique foi tomada por um profundo sono, e a brisa gentil de Zéfiro a conduziu através do ar a um lindo vale. Quando ela acordou, caminhou por entre as flores do vale e chegou até um castelo magnífico. Notou que aquele castelo deveria ser a morada de um deus, tal a perfeição que podia ver em cada um dos seus detalhes. Tomou coragem e entrou no deslumbrante palácio, onde todos os seus desejos eram satisfeitos por ajudantes invisíveis, dos quais só podia ouvir a voz. Quando chegou a escuridão, foi conduzida pelos criados a um quarto de dormir, e lá deitou-se, certa de que ali encontraria finalmente o seu terrível esposo. Começou a tremer quando sentiu que alguém entrara no quarto, mas uma voz maravilhosa a acalmou, e mãos humanas acariciaram seu corpo. Assim, a esse amante misterioso, ela se entregou. Quando acordou, já havia chegado o dia, e seu amante havia desaparecido. Porém essa mesma cena se repetiu por diversas noites. Enquanto isso, suas irmãs continuavam a sua procura, mas seu esposo misterioso a alertou para não responder aos seus chamados. Porém Psique sentia-se solitária em seu castelo-prisão, e continuamente implorava ao seu amante para deixá-la ver suas irmãs, e compartilhar com elas as maravilhas daquele castelo. Ele finalmente aceitou, mas impôs a condição que, não importando o que suas irmãs disessem, ela nunca tentaria conhecer sua verdadeira identidade. Quando suas irmãs entraram no castelo e viram aquela abundância de beleza e maravilhas, foram tomadas de inveja, e notando que o esposo de Psique nunca aparecia, perguntaram maliciosamente sobre sua identidade. Psique sempre respondia que ele estava atarefado, mas que era um jovem muito belo. Suas irmãs retornaram para casa, mas a dúvida e a curiosidade tomavam conta de seu ser, aguçadas pelos comentários de suas irmãs. Seu esposo alertou-a que suas irmãs estavam tentando fazer com que ela olhasse seu rosto, mas se assim ela fizesse, ela nunca mais o veria novamente. Além disso, ele contou-lhe que ela estava grávida, e se ela conseguisse manter o segredo ele seria divino, porém se ela falhasse, ele seria mortal. No entanto, concedeu a ela o direito de receber novamente suas irmãs. Em resposta a suas questões, Psique contou-lhes que estava grávida, e que sua criança seria de origem divina. Suas irmãs ficaram ainda mais enciumadas com a situação de Psique, pois além de todas aquelas riquezas, ela era a esposa de um lindo deus. Assim, trataram de convencer a jovem a olhar a identidade do esposo, pois se ele estava escondendo seu rosto era porque havia algo de errado com ele. Ele realmente deveria ser uma horrível serpente e não um deus maravilhoso. Psique ficou realmente assustada com o que suas irmãs disseram a ela, que quando suas irmãs partiram, ela escondeu uma faca e uma lâmpada próximo a sua cama, decidida a conhecer a identidade de seu marido, e se ele fosse realmente um monstro terrível, matá-lo. Ela havia esquecido dos avisos de seu amante, de não dar ouvidos a suas irmãs.

Quando Eros chegou naquela noite, ele fez amor com ela como normalmente fazia, e virou-se para descansar ao seu lado. Psique tomou coragem e aproximou a lâmpada do rosto de seu marido, esperando ver uma horrenda criatura. O que viu porém deixou-a maravilhada. Um jovem de extrema beleza estava repousando com tamanha quietude e doçura que ela pensou em tirar a própria vida por haver dele duvidado. Enfeitiçada por sua beleza, demorou-se admirando o deus alado. Não percebeu que havia inclinado de tal maneira a lâmpada que uma gota de óleo quente caiu sobre o ombro direito de Eros, acordando-o. Eros olhou-a assustado, e tentou voar através da janela do quarto. Psique inutilmente tentou agarrá-lo pelas pernas, mas ele escapou. Quando se recompôs, notou que o lindo castelo a sua volta desaparecera, e que se encontrava bem próxima da casa de seus pais. Psique ficou inconsolável. Tentou suicidar-se atirando-se em um rio próximo, mas suas águas a trouxeram gentilmente para sua margem. Foi então alertada por Pan para esquecer o que se passou e procurar novamente ganhar o amor de Eros. Quando suas irmãs souberam do acontecido, fingiram pesar, mas pensaram que talvez agora ele escolhesse uma delas como esposa. Partiram então para o topo da montanha na qual sua irmã havia sido deixada há muito tempo, e chamaram o vento Zéfiro, para que as sustentasse no ar e as levasse até Eros, pois era assim que sempre haviam alcançado o castelo de sua irmã. Zéfiro dessa vez não as ergueram no céu, e elas caíram no despenhadeiro, morrendo. Psique continuava sua busca por todos os lugares da terra, dia e noite, até que chegou a um templo no alto de uma montanha.

Com esperança de lá encontrar o amado, entrou no templo e viu uma grande bagunça de grãos de trigo e cevada, ancinhos e foices espalhados por todo o recinto. Convencida que não devia negligenciar o culto a nenhuma divindade, pôs-se a arrumar aquela desordem, colocando cada coisa em seu lugar. Deméter, para quem aquele templo era destinado, ficou profundamente grata por ver a jovem tão ocupada em ordenar seu santuário. Afrodite a recebeu em seu templo com a raiva estampada em sua fronte, e sabendo de como seu filho havia desobedecido suas ordens por causa daquela jovem, e ainda, que agora ele se encontrava em um leito, recuperando-se da ferida causada pelo óleo quente que fora derramado em seu ombro, recusou-se a perdoar Psique. A deusa impôs, então, sobre ela uma série de tarefas que deveria realizar, tarefas tão difíceis que poderiam causar sua morte. Primeiramente, deveria, antes do anoitecer, separar uma grande quantidade de grãos misturados de trigo, aveia, cevada, feijões e lentilhas. Psique ficou assustada diante de tanto trabalho, porém uma formiga que estava próxima a Psique ficou comovida com a tristeza da jovem e convocou seu exército a isolar cada uma das qualidades de grão. No dia seguinte, Afrodite ordenou que fosse até as margens de um rio onde ovelhas de lã dourada pastavam e trouxesse um pouco da lã de cada carneiro. Psique estava disposta a cruzar o rio quando ouviu um junco dizer que não atravessasse as águas do rio até que os carneiros se pusessem a descansar sob o sol quente, quando ela poderia aproveitar e cortar sua lã. De outro modo, seria atacada e morta pelos carneiros. Assim feito, Psique esperou até o sol ficar bem alto no horizonte, atravessou o rio e levou a Afrodite uma grande quantidade de lã dourada. Ainda não satisfeita, Afrodite ordenou que ela fosse ao topo de uma alta montanha e trouxesse uma jarra cheia com um pouco da água escura que jorrava de seu cume. Dentre os perigos que Psique enfrentou, estava um dragão que guardava a fonte. Ela foi ajudada nessa tarefa por uma grande águia, que voou baixo próximo a fonte e encheu a jarra com a negra água. Afrodite ficou muito irada com o sucesso da jovem, e planejou uma última, porém fatal, tarefa. Psique deveria descer ao mundo inferior, o Hades, e pedir a Perséfone, que lhe desse um pouco de sua própria beleza, que deveria guardar em uma caixa. Desesperada, subiu ao topo de uma elevada torre e quis atirar-se, para assim poder alcançar o Hades. A torre porém murmurou instruções de como entrar em uma particular caverna e através dela descer aos Ínfernos. Ensinou ainda como driblar os diversos perigos da jornada, como passar pelo cão Cérbero e recebeu uma moeda, para pagar a Caronte pela travessia do Estige. Seguindo essas palavras, conseguiu chegar até Perséfone, que estava sentada imponente em seu trono, e recebeu dela a caixa com o precioso tesouro. Tomada porém pela curiosidade em seu retorno, abriu a caixa para espiar, e ao invés de beleza havia apenas um sono terrível que dela se apossou. Eros, curado de sua ferida, voou ao socorro de Psique, e conseguiu colocar o sono novamente na caixa, assim salvando Psique. Lembrou novamente à jovem que sua curiosidade havia novamente sido sua grande falta, mas que agora podia apresentar-se à Afrodite e cumprir a tarefa. Enquanto isso, Eros foi ao encontro de Zeus, e implorou a ele que apaziguasse Afrodite e ratificasse o seu casamento com Psique. O grande deus ordenou que Hermes conduzisse a jovem à assembléia dos deuses, e a ela foi oferecida uma taça de ambrosia. Então com toda a cerimônia, Eros casou-se com Psique, e no devido tempo nasceu seu filho, chamado Voluptas (Prazer). Assim é contada a história de Eros, o amor.


Para os religiosos existem três tipo de amor: o amor do interesse material; o amor da amizade; e o amor espiritual. Dessa forma, o amor Eros, é o amor de intimidade do casal. Ele é tão importante no casamento, que Deus restaurou este amor na vida de Abraão e Sara, tendo ele 100 anos, e ela 90 anos. Isaque era fruto do amor, Eros na velhice.

O amor phileo, é amor da amizade, do companheirismo do casal, cujo melhor amigo da mulher após o casamento não é mais o pai, nem a sua mãe, e sim o seu esposo. O melhor amigo do homem após o casamento é a sua esposa. este tipo de amor deve ser desenvolvido dentro do casamento.

Já o amor ágape, é amor produzido pelo Espírito santo na vida do casal.

Então, para os religiosos o amor Eros pode falhar, o amor Phileo pode falhar, mas o amor Ágape nunca falha. Eros, Phileo e Ágape, para os religiosos, são o alicerce do casamento.


No Taoísmo, milenar sistema filosófico, esotérico e religiosa da China, amar é doação ativa, pois esse sentimento requer que se faça algo pela pessoa amada, ao invés de ficar esperando passivamente satisfações. Os taoístas manifestam espontaneamente o amor. Praticam o tzu, ou seja, a compaixão amorosa, que é a ausência de julgamentos sobre si próprios, mas também ,com relação ao ser amado. Segundo Cherman (1982:125), nos relacionamentos amorosos taoístas, não se concentram atenções nas diferenças, pois que tal conduta estimularia as críticas e os conflitos entre os cônjuges. Substituem a crítica pela compreensão e a tolerância passiva, vez que amor e sexo não se separam para os taoístas.

Para Fisher (1995) os ocidentais adoram o amor, que é simbolizado, estudado, cultuado, idealizado, aplaudido, temido, vivido e que, por ele, se morre. "(...) o amor significa muitas coisas para muitas pessoas. Mas se o amor é comum a todas as pessoas em toda parte e associado às minúsculas moléculas que residem nas terminações nervosas nos centros emocionais do cérebro, então o amor é também primitivo”. (Fisher, 1995:192). Com esse raciocínio, entende-se que esse sentimento de afeto é tão forte, tão fundamental para a natureza humana, que ocorrem em todas as pessoas - seja objeto do amor um membro do sexo oposto ou do mesmo sexo. Por exemplo, segundo Fisher (1995),  os cientistas sabem muito pouco sobre as causas da homossexualidade, seja ela o amor entre dois homens ou entre duas mulheres. Suspeita-se que tanto os hormônios quanto o ambiente têm efeitos importantes sobre as preferencias sexuais no gênero humano e em outros animais.

Considerando-se que os homens e as mulheres homossexuais se apaixonam, muitos formam casais com seus parceiros, muitos se separam e muitos se unem novamente. Para Fisher (1995:195), "Os homens e as mulheres homossexuais experimentam todas as mesmas sensações do amor romântico que os heterossexuais declaram, e lutam com todos os mesmos problemas deste sentimento romântico".

O amor e a arte, no tocante à sexualidade, constituem uma prática que o Ocidente está pouco habituado a exercitar. Pratica-se o espontâneo, o deixa ocorrer e até dá-se asas à imaginação e criatividade quando se está amando. Mas ainda estão distantes da associação entre amor e arte.

O Kama Sutra, por exemplo, trata da arte do amor, tal qual o taoísmo, vez que amor e sexo não se separam para os taoístas. O amor sem sexo retira a paz e a serenidade do espírito. O sexo sem amor é puramente um ato biológico. No Kama Sutra encontra-se que "A verdadeira alegria de amar é um êxtase de dois corpos e almas misturando-se e unindo-se em poesia. Ao encontrar a parceira ideal, o homem deve tentar e, na verdade, fazer amor com ela de maneira extasiante e poética". Isso levou Ryan & Ryan (1976:34), a considerar que "O amor procura libertar o outro, deixando-o viver e se desenvolver, ajudando-o a realizar o direito de se tornar plenamente uma pessoa". Isso quer dizer que se devemos aprender a amar uns aos outros como pessoas humanas, cumpre-nos, por conseguinte, procurar superar todos os tipos de estereótipos, bem como todos os modelos culturais e sociais que os inculcam, e esforçar-nos por considerar cada indivíduo como uma pessoa que é homem ou mulher.

Na Bíblia está: "Não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele". (Genesis, 2,18). Disso, portanto, apreende-se que a sexualidade é,a força da natureza humana destinada a suscitar a necessidade e a urgência que impulsiona todo o ser a procurar se realizar na única direção capaz de satisfazê-lo: na união e comunhão com o próximo. (Ryuan & Ryan, 1976).

Para Christoper Mooney (apud Ryan & Ryan, 1976:66/7): "(...) o amor é a única força no mundo capaz de criar personalidade através de um processo totalizador. Constitui, portanto, o estádio mais alto daquela energia que Teilhard de Chardin denominava radial. Só ele une as criaturas humanas de forma a completá-las e realizá-las, pois só ele fá-las atingir o mar profundo de si mesmas”. Disso, cumpre reconhecer que todo amor é sexual, isto é, que amamos como pessoas sexuadas, como homem ou mulher, e que nosso amor se diferencia em cada uma das suas relações (Ryan & Ryan, 1976).

No Kama Sutra é encontrado as variedades do amor, onde homens versados em humanidades são de parecer que o amor é de quatro espécies, a saber: amor adquirido pelo hábito contínuo, os ligados às relações sexuais, à bebida, ao jogo; o amor decorrente da imaginação, que são aqueles que certos homens, mulheres e eunucos nutrem pela via oral, ou seja, a cópula bucal, ou, ainda, o que outros têm a coisas como abraços, beijos, etc; o amor resultante da convicção, é aquele reciproco, incontestavelmente verdadeiro, quando um olha para o outro como se mirasse a si próprio; e o amor originado pela percepção de objetos externos, que é bem evidente e conhecido, já que o prazer por ele causado é superior ao prazer dos outros tipos de amor, que só existem para seu complemento.


Já os cientistas conhecem a Feniletilamina, um dos mais simples neurotransmissores, há cerca de 100 anos, mas só recentemente começaram a associá-la ao sentimento de Amor. Ela é uma molécula natural semelhante à anfetamina e suspeita-se que sua produção no cérebro possa ser desencadeada por eventos tão simples como uma troca de olhares ou um aperto de mãos. O affair da feniletilamina com o amor teve início com uma teoria proposta pelos médicos Donald F. Klein e Michael Lebowitz, do Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova Iorque. Eles sugeriram que o cérebro de uma pessoa apaixonada continha grandes quantidades de feniletilamina e que esta substância poderia responder, em grande parte, pelas sensações e modificações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados. A doutora Helen Fisher demonstrou que a inconstância, a exaltação, a euforia, e a falta de sono e de apetite associam-se a altos níveis de dopamina e norepinefrina, estimulantes naturais do cérebro. Alguns pesquisadores afirmam que exalamos continuamente, pelos bilhões de poros na pele e até mesmo pelo hálito, produtos químicos voláteis chamados Feromônios.

Atualmente, existem evidências intrigantes e controvertidas de que os seres humanos podem se comunicar com sinais bioquímicos inconscientes. Os que defendem a existência dos feromônios baseiam-se em evidências mostrando a presença e a utilização de feromônios por espécies tão diversas como borboletas, formigas, lobos, elefantes e pequenos símios. Os feromônios podem sinalizar interesses sexuais, situações de perigo e outros. Os defensores da Teoria dos Feromônios vão ainda mais longe: dizem que o "amor à primeira vista" é a maior prova da existência destas substâncias controvertidas. Os feromônios – atestam – produzem reações químicas que resultam em sensações prazerosas. À medida em que vamos nos tornando dependentes, a cada ausência mais prolongada nos dizemos "apaixonados" – a ansiedade da paixão, então, seria o sintoma mais pertinente da Síndrome de Abstinência de Feromônios. Com ou sem feromônios, é fato que a sensação de "amor à primeira vista" relaciona-se significativamente a grandes quantidades de feniletilamina, dopamina e norepinefrina no organismo.

Apesar de todas as pesquisas e descobertas, existe no ar uma sensação de que a evolução, por algum motivo, modificou nossos genes permitindo que o amor não-associado à procriação surgisse – calcula-se que isto se deu há aproximadamente 10.000 anos. Os homens passaram realmente a amar as mulheres, e algumas destas passaram a olhar os homens como algo mais além de máquinas de proteção.


A despeito de todos os tubos de ensaio de sofisticados laboratórios e reações químicas e moléculas citoplasmáticas, afinal, deve haver algo mais entre o céu e a terra. Assim, o sexo é elemento integrante do amor, mesmo antes de se falar de qualquer orientação incipiente ou atual para o amor conjugada ou para a união sexual física. Ele é responsável pela variedade de matizes, de calor e de urgência que especificam estas várias relações. Desempenha, por conseguinte, uma tarefa positiva em todos os tipos de afeto, embora não constitua o único conteúdo da relação afetiva.

O amor nasce com a afetividade que é a capacidade de sentir prazer ou desprazer. Ao executar atos que nos dão prazer, assim como ter sensações com o mesmo efeito, os circuitos nervosos envolvidos no processo incluem o centro do prazer. A afetividade é que compele o animal a satisfazer o instinto. Assim, o desejo sexual se manifesta por um impulso de integração. O impulso de integração age no sentido de suprimir as barreiras entre dois que se atraem sexualmente. O instinto sexual confere prazer aos atos correspondentes e torna desprazerosa a sua privação. O interesse sexual básico é passível de acentuação ou atenuação por conexões afetivas a experiência passadas. O desejo sexual associado à convivência, comunhão de interesses instintivos, intenção de continuidade, faz surgir o sentimento do amor mesmo antes de haver a posse. Disso entende-se, portanto, que o amor é uma constelação afetiva, tendo raízes em vários setores do instinto. O amor, como o desejo sexual, pode surgir entre qualquer homem normal e qualquer mulher normal. É o interesse amoroso básico. Como no caso do sexo, o amor pode surgir entre duas pessoas, quaisquer de sexo oposto, desde que não haja um padrão amoroso negativo ou outros fatores que impeçam uma de preencher as necessidades amorosas da outra.

Os padrões amorosos são os tipos característicos de pessoas que anteriormente inspiraram amor além ou aquém do interesse amoroso básico. Ocorre que no amor, como no sexo, experiências anteriores podem acentuar ou atenuar o interesse amoroso básico. Ante pessoa completamente estranha pode alguém sentir intenso amor, desde que ela tenha algo em comum, que lembre outra que já haja inspirado, antes, não forçosamente desejo sexual, mas amizade, simpatia e confiança. Assim se explicam os chamados amores à primeira vista. Na realidade, a pessoa amada desta forma não é a que despertou o sentimento, atual, mas aquela que anteriormente gerou o padrão amoroso.


O amor mais estável é o que surge naturalmente, de forma progressiva, a partir de um desejo sexual. A partir do desejo sexual vem a convivência, a confiança, o desejo de posse, de exclusividade, o amor não aceita parceria, como acontece com o sexo, a comunhão de interesses, a esperança de continuidade e duração, cultivando-se desta forma um sentimento realmente vinculado a quem o inspirou e não a uma lembrança do passado.

A felicidade é um extraordinário bem que, além de outros requisitos, se adquire com o equilíbrio do nosso sistema nervoso, o gozo da saúde, o controle de nossas emoções e a prática de boas ações. A felicidade consiste, sobretudo, na prática do amor na conquista da paz interior.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITZMAN, D. P. O que é esta coisa chamada amor. Identidade homossexual, educação e currículo. In: Educação e Realidade. Vol 21 (1), jan/jul, 1996.
BUSCAGLIA, Leo. Amor. Rio de Janeiro: Record, 1997
CHANG, Jolan. O Taoismo do amor e do sexo. Rio de Janeiro: Artenova, 1979
CHERMAN, Shiva. Sexo e afeto: o grande desafio. Rio de Janeiro: Topbooks, 1982
FISHER, Helen. Anatomia do amor: a história natural da monogamia, do adultério e do divórcio. Rio de janeiro: Eureka, 1995
HESÍODO. Teogonia. São Paulo: Tecnoprint, 1978
JACOBINA, Eloá & Kühner, Maria Helena. Feminino & masculino no imaginário de diferentes épocas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998
JAGOT, Paul-C. Psicologia do amor: o instinto, a sensibilidade e a imaginação. Rio de Janeiro: Pallas, 1977
RYAN, Mary & RYAN, John. Amor e sexo. São Paulo; Paulinas, 1976
VATSYAYANA. Kama sutra: código do amor hindu. Rio de Janeiro: Skorpios, s/d.
WATTS, Alan. O homem, a mulher e a natureza. Rio de Janeiro: Record, 1958

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