sexta-feira, fevereiro 01, 2008



Imagem: do escultor francês Auguste Rodin (1840-1917).

A LÍNGUA NO ÁTRIO DAS DELÍCIAS

Luiz Alberto Machado

De repente eu me vejo boca cheia com a minha língua beija-flor friccionando a ignição do eflúvio mais que saboroso do teu isósceles invertido que goteja tesão no encontro das coxas de tua nudez de janelas abertas e portas escancaradas.

Não me furto, nem posso; nem pestanejo, muito menos. E vou avançando sobre a cachoeira dos prazeres de tua orquídea apetitosa para a libação exploradora do ventre até o âmago deslumbrante de fruta boa madura, bainha do néctar de toda flora possível, fruteira das maravilhas, roseiral de todos os perfumes.

Vou determinado com garra, ímpeto e loucura pelo depósito de luxúria com meus ósculos de paixão e ela doida varrida, beijando, lambendo, chupando a drupa deiscente na dilatação da vulva aflorada.

E pela baga suculenta vou perquirindo as entranhas de cheiro bom e provocante da tua terra, perscrutando teus segredos mais recônditos e mais crescendo com meus arrojos pelas estalactites do gozo, pelas estalagmites do cio, além da cratera de um vulcão em perene erupção de volúpia.

Revolvo tudo me lambuzando nesse repasto opíparo, na fartura do mel das tuas entranhas como quem garimpa delícia no esconderijo da tua alma de gazela atilada, enquanto faço-me glutão, dono absoluto, no átrio das delícias, para guardar os teus sabores e cheiros na saliva da carne.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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