sábado, agosto 13, 2011

RITA SHIMADA COELHO



Imagens: fotos de André Luiz Pires

OS VÉUS SENSUAIS DA DANÇARINA DO DESERTO DE RITA SHIMADA COELHO

DELÍRIOS DE PAIXÃO

Vem meu amor!
Me despe!

Despe minha alma
e deixe- a nua!
Expoe meus desejos mais secretos
e me faz tua!

Rompe as barreiras da timidez,
da hipocresia...
Faz- me revelar,
tudo que antes eu repremia!

Me ache...
E perca- se em mim!

Fazer- te delirar
aos meus gemidos contidos!
A cada toque de teus beijos
perder meus sentidos!

Dois corpos que se unem
transfromando- se em um só...
Dá me prazer...
Sem piedade ou dó!

Vem ser meu...
Me envolve em teus anseios...
Bebe meu amor...
beijando meus seios!

Faze- me morrer
a cada grito meu
assim estarei viva
e meu amor será seu!

Que venha também contigo
essa explosão de emoções
que fluem junto ao grito
acelerando os corações!

Que juntos se deleitam
nas diabruras do prazer
quando na cama se deitam
esquecendo de viver!

A vida passa a ser gozo
O amor alimento
Enche- me de beijos a boca
mata meus pensamentos!

Para que a razão não me traga
a realidade fria
E eu me esqueça quem sou
e que te ame noite e dia!



TOCA-ME... FEBRIL...

Toca- me...
sente o suor que percorre minha pele
buscando você!

Toca- me...
sente minha respiração acelerada
sem saber se suspira ou inala!

Toca- me...
com seus lábios úmidos
molhados de palavras de amor!

Toca- me...
entra bem fundo no meu íntimo
e atinge o que me é eterno!

Toca- me...
e faz com que meu coração bata ao ritmo do seu
provando- nos que somos já um só!

AMOR VERDADEIRO: DUOS IN UNO

Meu amor...

Não valeria uma eternidade
Este nosso belo quadro contemplarmos?
Em nosso ninho de tranqüilidade...
E nossos corações... Em melodia escutarmos?

Esse tão belo quadro emoldurado
De singelas e finas cortinas brancas...
Revelando diante do mundo confuso e agitado...
As folhas das árvores dançando brandas...

E veríamos de nosso ninho desarrumado
A chuva caindo e embelezando esta linda tela...
A terra úmida e o ar deixariam tudo perfumado...
Pois a paz e a ternura nosso amor vela...

Juntos... Em conchinha... Um no outro encostado...
Nossos olhares tão brilhantes quanto aquela nossa estrela...
Então te olharia, e pronunciaria: '- Meu amado...'
E você com um sorriso, diria: '- Estou feliz por tê-la!'

Nesse pequeno e simplório espaço,
Viveríamos as belezas do nosso mundo...
Venceríamos nossa timidez e embaraço...
Tocaríamos nossas almas no mais profundo!

Você delicadamente tomaria o que é teu...
Em uma dor prazerosa romperia o que nos separa...
Sentindo-o inteiro seria somente meu...
Veria-o feliz por ter o que para ti guardara...

Iríamos nos deitar entre lençóis e papéis...
Nos beijaríamos e escreveríamos poesias...
Teu quarto seria melhor que de todos os hotéis...
Pois nele criaríamos a mais gostosa das melodias!

Quem no mundo tem um lindo castelo assim?
Onde todos os sonhos são realidade!
Apaixonados seria eu e você, você em mim...
O amor de uma eternidade!

Sem data para ser eterna....



DECLARAÇÃO DE AMOR CODIFICADA

Reuni meus melhores sentimentos...
Inspirada para em códigos declarar...
Tua face presente em todos os momentos...
A ti somente vou amar!

Ressuscitou o sentimento mais nobre...
Amor de tantas vidas que retorna...
O espírito que antes tão pobre...
Minha alma agora por ti transborda!

Brilhante Sol de minha existência...
O toque que me leva a eternidade...
Senhor que findou minha carência...
Restaurando minha oportunidade...

Obelisco do meu primeiro amor...
Diamante mais precioso neste mundo...
Narciso de incomum odor...
Alma de brilho profundo...

Doce encanto da minha vida...
Mistério... Milagre... Magia...
Em teus olhos me sinto querida...
Inspiração no meu dia-a-dia...

O sopro mais suave que senti
Na escuridão de minha madrugada
Revelou-se na tua voz, que ouvi...
Harmonia com data marcada...

Riso escancarado de minha face..
A ti entrego meu coração...
Incógnita minha em disfarce...
Versejo-te em código minha declaração...

Sou tua: eis minha verdade...
Impossível a ti não me entregar...
Teu olhar: poço de tranqüilidade
Tua boca: poço de rendição...
Difícil de se aceitar...
Amargo é não ter a ti, minha doce perdição!

AMOR LIVRE

Alguém um dia poderá explicar
Essa mágica tão louca?
De duas almas distântes,
Beijando- se na boca?

Em que livros busca- se,
Alguma explicação?
Amam- se loucamente,
Mas vivem na solidão!

Dois corpos que não ocupam,
num espaço o mesmo lugar...
Mas tomados de desejo,
Podem mesmo assim se amar!

Não possuem um rosto...
Nem no corpo definição...
Mas tocam- se com tanta força,
Doendo o coração!

Num mesmo pensamento
mesmo modo de viver...
Metades tão idênticas,
Só precisam querer!

E no querer sufocante
As distâncias desaparecem...
Se tocam, se beijam, se amam,
Suas almas desfalecem!

Sintonia inexplicável
Ligando sentimentos...
Clamando um pelo outro
Possuindo- se sem impedimentos!

Na liberdade da mente
Despem- se na essência...
Em cada gemido incontido,
Matando qualquer carência!

Não são mais carne
Nem é mais paixão...
São almas se buscando,
Amor além da razão!



ÊXTASE

Não estou mais aqui...
As amarras cairam...
Sinto-me indo...
Sinto-me tão distante...
*
Minha mente já não concebe mais,
Não processa mais...
Não compreende o incompreensível...
Minha realidade é tão simples...
Esse mundo a minha volta tão confuso...
Tão complicado...
Tão assustador...
*
Não dá mais pra ficar...
Tudo perde mais e mais o sentido,
E fecham-se meus sentidos...
O que está a minha frente é apenas
O que todos podem ver...
O que vejo, não está ali.
*
Os finos véus que cegavam
Vão abrindo-se um a um,
Lentamente...
Vão revelando o irrevelável...
Vão desvendando o indecifrável...
*
O corpo padece...
Findaram-se as reservas...
Multiplicam-se as penas
Que compoem harmoniosamente
Asas... Imaginárias...
Como se necessárias para voar...
*
O pensamento é Vento,
Que nasce das estranhas
Do questionamento...
*
Eu ouço o som de um coral lírico
Lindo!
Vozes angelicais agudas e suaves,
Que de repente já não sei se voz,
Ou se harpas...
*
Onde estão estes sinos que tocam?
Por que eles dobram?
Há uma voz muda que chama...
Há uma mão invisível estendida
Convidando-me a ir...
Há algo estranho
Que me invade,
Me inebria,
Me suspende no ar...
*
Dores agudas latejam em meu peito...
Uma emoção rara e nunca sentida,
Sufoca e cala minha garganta
Que não sabe se grita,
Se chama,
Se canta...
*
As paredes cairam...
As montanhas ruiram...
Não há mais antes nem depois...
O Agora é um quarto branco sem teto,
Sem chão...
*
Vem então, Vento...
Dá-me uma carona,
Empresta-me tuas asas...
Para que este êxtase não acabe
Nunca mais...

A DANÇARINA DO DESERTO

Vem e dança comigo,
Sou a alma que vaga no deserto...
Não lhe ofereço nenhum perigo,
Comigo estarás bem, é certo!

O tirano a terra devastou,
Destruíndo minha cidade...
Minha dança ele roubou,
Tinha eu pouca idade!

Odalisca que ornamentava,
Os jardins de mil Palmeiras...
Entre as colunas do palácio dançava,
De suas amantes fui a primeira!

Decepou as minhas pernas,
Neste deserto me abandonou...
Como as areias são eternas,
Eterna é a dança que me roubou!

A estrela mais brilhante escolher,
Para viver a vida no além?
Nas eternas areias viver,
Não as troco por ninguém!

Por que lamentar eternamente,
Meu fim tão cruel?
Nas areias dançando alegremente,
Este aqui é o meu céu!

Então, vem e sente a sedução,
E o calor deste lugar...
Vem, mergulhe- se na emoção,
Solte seu corpo e vem dançar!

Vem! Eu sou a miragem,
Do Oásis de águas calmas...
Dentro de tí existe esta imagem,
Há um deserto em todas as almas!

Sente o vento Oriental,
Que faz as areias bailar...
Vem, e dança igual,
Deixe sua alma se expressar!

Vem e vê a magia,
Das cores das dunas imensas...
Vem e sinta a alegria,
De todas as emoções mais intensas!

Vem ergue teus braços,
Move o corpo devagar...
Este ritmo é um abraço,
Que libera os mistérios do lugar!

Seguindo os contornos do vento,
Vem ergue as mãos no ar...
Desprenda- se do tormento,
E vem comigo a bailar!

Rasgando os sete véus,
Dos segredos no íntimo oculto...
Vem e celebre os céus,
Preste ao Criador um culto!

Vem sentir a dança eterna,
Da existência da alma...
Vem desperta a doce e terna,
Esperada paz e calma!



A DANÇARINA DO DESERTO II: A BUSCA

O vento quente sopra como um chamado
Que a arrebata novamente às areias do deserto...
Excita-se no suor que escorre na pele: toque inflamado...
O motivo latejante escapa-lhe entre gemidos... Incerto!

Sua pele coberta por véus transparentes
Que revelam os mistérios quase despidos de mulher-menina...
É véu... É corpo... Dançando ao vento indulgentes...
Desabrochando a flor úmida cujo mel escorre na mina!

Segue em marcha solitária por entre as dunas eternas...
Monumentos erguidos que retratam suas curvas...
Buscando pelas mãos que acariciavam... Tão ternas...
Buscando clareza nas imagens ilusórias... Tão turvas...

E jogando-se prostrada sobre as areias onde afunda...
O tempo escorre-lhe entre os dedos trêmulos...
Aumentando o anseio que a saudade profunda,
Transforma águas salinas nos olhos em pêndulos...

Sob o Sol que acaricia abrasando o desejo oprimido...
Aprisionado entre as colunas que se erguem ostentosas...
Delira entre murmúrios e gemidos... Amor sofrido...
A falta do seu Oásis em mil e uma noites prazerosas!

Segue oculta entre os véus de seus mistérios
Tão eternos quanto as areias do deserto escaldante...
Nos braços, no beijo e no coração de seu amado... Refrigérios...
Miragem de fonte em águas límpidas... Abundante!

RITA SHIMADA COELHO – A escritora, cantora, compositora e artista plástica Rita Shimada Coelho é de origem japonesa nascida em São Paulo. É colaboradora do Via Fanzine, ex-ativista ciber, ativista e protetora dos animais, ou como ela mesma diz: “Sou um espírito livre e nada pode me prender!”. Ela edita os blogs Alma Nua e Fragmentos de uma vida. Seus trabalhos artísticos estão reunidos no Recanto das Letras, no YouTube, no Mural dos Escritores e no Clube Caiubi de Compositores.

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